sexta-feira, 27 de julho de 2012

Impermanência dos Momentos


O Fluxo

Gostaria de compartilhar uma experiência muito legal com vocês. Hoje vou falar sobre nossa muito conhecida impermanência. Nos vários ensinamentos que tivemos a oportunidade de ouvir, sempre há uma explicação recorrente a impermanência de todas as coisas, dentro deste fluxo ininterrupto que é a nossa existência.
Eu particularmente sempre tive dificuldade em entender este ponto como uma experiência apesar de entendê-lo intelectualmente. A partir de uma vivência pessoal tentei aplicar o treinamento e obtive vivencias muito esclarecedoras.
Como funcionou na minha experiência?
Entender o fluxo nos possibilita compreender todo este processo dos momentos felizes/infelizes. Quando estamos passando por uma fase positiva as coisas fluem ao redor, e mesmo as pessoas com quem você convive parecem estar no mesmo movimento salvo raras exceções e estas geralmente são pessoas com que não mantemos uma relação muito próxima.
As coisas dão certo, você está seguro de si mesmo. Tudo parece estar nos eixos como deveria ser. Então relaxamos e nos desligamos dos nossos questionamentos, nossa prática se torna serena e gratificante. Pronto: podemos perceber o primeiro sinal de que alguma coisa está se movendo. Tá tudo muito certinho ai pensamos: “Poxa preciso parar com essas coisas de: Ahhh! Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem , Iiiii, vem coisa por ai, tá tranquilo demais”.
Acho que todos já “experienciamos” essas pequenas auto-profecias não é mesmo? E pensamos no velho fator da culpa de que não merecemos estar felizes por muito tempo com tanta infelicidade rondando a nossa volta. Enfim como é o processo?
Para mim pude perceber que quando este movimento se inicia as coisas começam a se complicar na nossa mente. Entramos num momento de turbilhão, questionamentos, julgamentos. Todos nos parecem injustos, as coisas não são como deveriam ser, nos sentimos agredidos pela vida e começa todo um processo de autojulgamento e rebeldia. Ai está o ponto, se mantemos nossa postura egóíca somos incapazes de perceber o que ocorre a nossa volta, pois nos encapsulamos em nossos próprios problemas e somos incapazes de perceber o fluxo. Graças ao meu treinamento consegui afinal visualizar esse movimento e resolvi mudar a minha postura e minha visão da “coisa”.
Aos primeiros sinais da revolta contra tudo e todos resolvi mudar a posição do observador, de centro da ação para coadjuvante, e gente, foi incrível como tudo ficou claro dentro desse processo. Primeiro você percebe que ao fazer com que tudo gire a sua volta você deixa de perceber as nuances da participação das outras pessoas no processo, ou melhor ainda, de como o processo abarca todos a sua volta. Como um observador passivo, pude ver a nuvem se formando. Automaticamente, ao prestar atenção no outro e deixar minha posição egóica de lado, vi que as pessoas a minha volta começaram a ter momentos negativos de doença, disputas, tristezas, perdas, tudo muito claro, tão claro que me assustei com a obviedade daquele fluxo. Ainda pairam muitas questões, claro, mas só meus professores poderão me ajudar nesse caso, é muito pro meu caminhãozinho.
Então concluindo, façam o teste, mais que nunca agora acredito que estes momentos de harmonia na vida e dentro da prática são intervalos para se preparar para o “pancadão”. Claro que as marcas e os padrões “kármicos” de cada um vâo  indicar a intensidade e a durabilidade destes períodos, mas acredito que o processo é o mesmo. Então meu aprendizado a compartilhar: cuide de sua mente e intensifique sua prática nos momentos de harmonia, de segurança, use estes momentos para solidificar suas relações criando mais confiança com o outro e quando esse fluxo começar a se tornar negativo evite a qualquer custo à posição egóica de se voltar para si mesmo achando que tudo que acontece é por você ou para você e veja que a sua volta tudo entra no mesmo fluxo de tensão, pelo menos no que está  dentro de sua percepção, e então assim você entenderá que não é culpa de ninguém nem sua, que somente existe um padrão de mudança que faz com que tudo esteja onde deve realmente estar, e da maneira que tudo deve realmente acontecer e você poderá perceber a sincronicidade e a perfeição de cada momento. Então nesta postura você poderá ser realmente útil ao outro pois fora da posição egoísta poderá mesmo nos momentos difíceis ajudar pois esta é sua responsabilidade a partir do momento que lhe foi ensinado que deve ser assim, basta perceber, vivenciar o ensinamento, este é o nosso papel e nossa responsabilidade como praticantes.
Mas lembrando que isso vale para qualquer um, basta ter a sensibilidade e a vontade de olhar as situações de uma maneira mais abrangente, menos egoísta, intimamente já temos esta capacidade e já é um bom começo.
 
Texto revisado por : Paulo Rogério Ayres Lage

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