domingo, 31 de outubro de 2010

Falando sobre emoções


Atualmente estou num processo de estudos sobre as emoções e como elas funcionam seguindo duas linhas distintas de pensamento, a filosofia Budista e o método terapêutico do Patchwork. Ambos claro idênticos em sua essência mas com uma abordagem diferente. A linguagem do Patchwork nos fala de máscaras que utilizamos quando tentamos contruir nosso eu idealizado, aquilo que achamos que temos que ser para fazermos parte do meio em que estamos naquele momento. Em maior ou menor grau descobrimos que todos criamos máscaras para agradar nosso ego de alguma maneira , o problema é que com o tempo nos perdemos nestas máscaras e já não sabemos mais identificar o que somos realmente, pois ao tentar mascarar sentimentos e justificar atitudes vivemos grande parte de nossas vidas um personagem fictício. É difícil reconhecer este ciclo, mas pude perceber que quando paramos para analisar - o tal abrir a caixa de Pandora, é um choque perceber quão pouco de nós se preservou neste emaranhado de emoções forjadas. Ao tentar criar máscaras para podermos ser aceitos ou para nos auto-afirmar, perdemos este contato tão importante com nossa essência original. Entrando agora no âmbito Budista, posso perceber uma dinâmica parecida. Neste caso o Budismo nos fala de dois tipos de mandala, a mandala negra das emoções onde a ignorância está no centro e em volta todas as emoções em seu estado "bruto", e do outro a mesma mandala branca com a sabedoria no centro. Todos possuímos todas as emoções, manifestas em maior ou menor grau dependendo de nossas tendências cármicas, aquelas que carregamos por muitas vidas em nosso continuo mental. Percebendo cada um a sua maneira as suas emoções, sentimos que na maior parte do tempo ao invés de utilizá-las elas se servem de nossa ignorância para nos dominar e este ciclo vicioso vai nos jogando de um lado para o outro, agregando outras emoções já que uma desencadeia várias, é como um dominó formando um circulo vicioso de cair e se levantar, porém quando não nos apercebemos desta dinâmica, muitas vezes caimos e não conseguimos nos levantar pois perdendo contato com nossa exência, nos tornamos fracos, pequenos joguetes. Eu como boa escorpiana, já há muito tempo coloco em pauta em minhas meditações o ciúme, em meu contínuo mental trago esta característica muito marcada pois é esta emoção que provoca em mim o efeito dominó e faz girar minha mandala negra. Percebi que num primeiro momento ela me apanha e me joga num estado de torpor negativo e então desaguando na ira, na incompreensão, na mágoa me levando a fazer julgamentos errôneos. Em outros tempos me fazia tomar atitudes impensadas que me colocavam contra amigos queridos, as vezes prejudicando outras pessoas apenas pelo simples desejo de vingança por motivos torpes e vis. Já venho trabalhando esta emoção a muito tempo, mesmo antes do budismo pois percebi que depois de uma cena de ciume montada, o pós era arrazador e vinha companhado de culpa e vergonha pela entrega nefasta. Mas não se enganem, o primeiro fato real é o de que as emoções estão ai para todos em maior ou menor grau e nunca nos livraremos delas. mas não fiquem preocupados, voltando a mandala branca, deselvolvendo a sabedoria passamos a identificar o que nos causa aquela emoção e principiamos colocando-a em evidência em nossas meditações, identificando os motivos que nos levaram a sentí-la, então esmiuçamos cada passo para que ela fosse construida e nas próximas situações similares nos sentimos mais seguros para enfrentá-la, este já é um grande progresso. depois aplicamos antidotos que irão dissolver aquela emoção negativa e posteriormente usá-la positivamente, mas ai já é mais complicado, no meu caso tenho ainda que praticar muito para usar estas ferramentas. Enfim, identifiquem o que mais lhe tira do sério, esta será a sua meta de estudo e trabalho, começamos com as mais fortes e depois passamos para as mais fracas e lembrando-se sempre, usando a Sabedoria transcendemos nossas aflições porque começamos a perceber todo este mecanismo intrincado. Tentando primeiro deixar de magoar, agredir e criar armadilhas para o outro já é um bom começo, depois começamos a nos curar, é um processo seguro e efetivo mas requer muita disciplina e trabalho e as vezes assumir posturas que podem ser desagradáveis ao outro e mesmo te colocando no ostracismo das convivências sociais, mas também se isto ocorre frequentemente, melhor "procurar sua turma" não é mesmo, um terreno seguro e fértil de conhecimento e camaradagem podem nos levar muiiiiito longe. Boa sorte a todos.

Um comentário:

  1. Carmem,
    Seu texto é muito interessante por vários motivos, o maior dele, ao meu ver, é a sua honesta e franca capacidade de se mostrar, abrir por entre as máscaras e deixar sua luz própria aparecer (eu tive o privilégio de ver isto). A segunda é a parte de trazer a sua cármica sabedoria para ajudar outros. Irmão de Sangha, lhe sou grato pela generosidade e carinho que manifestas, mesmo que traga aqui no texto, as nossas "couraças" e máscaras, eu quando "arranco" uma máscara, "pregam" mais duas depois.risos.
    beijos

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