quarta-feira, 25 de abril de 2012

Ao "seu" Alceu


É chover no molhado falar da importância de Alceu Valença no cenário musical brasileiro. Poeta de primeira linha dentro da maravilhosa e única cultura nordestina, seus artistas sempre trouxeram a renovação mantendo os pés bem firmes nesta exemplar tradição poética. A junção do som de Alceu com a Orquestra de Ouro Preto veio provar a sofisticação e a beleza desta musica tão característica, um tesouro atemporal, traduzida em versos,  em loas e em cordel.
Meu primeiro contato com a musica de Alceu foi lá pelos idos de 1977,  me vi levada (meio que arrastada) para o show daquele cabeludo doidão que meus amigos teimavam em dizer que era sonzeira  pura. Eu na flor de meus 17 aninhos,  alucinada com o rock pesado e progressivo, como a maioria da  paulistada na época,  era meio avessa aquelas paradas de baiões e chotes e tal, mas a tribo ditava  e você ia lá conferir o que tava rolando e me deparei,  mesmo, com uma sonzeira danada e com a figura daquele mago louco  tomando conta do palco . Naquele momento tive contato com algo especial  da musica brasileira, e meus preconceitos começaram a ruir.
Era a época de Acabou Chorare dos novos Bahianos, do Pavão Misterioso de Ednardo, Geraldo Azevedo e tantos outros ditando inclusive comportamentos, moda e tudo mais,   um universo novo a espreitar. Claro que os Black Sabbats , Pink Floyds e Led Zeppelins continuaram lá mas se iniciava  uma época mais democrática, as tribos se uniam mais .
Enfim, fico super feliz de reencontrar este Pernonagem depois de tanto tempo,  um mestre porque me fez ver que existia algo além do meu pequeno universo musical, me abriu a cabeça e o coração para as coisas do nordeste, sua força, sua beleza agreste enfim, me senti mais orgulhosa de ser brasileira.
Meus disco preferido, como não poderia deixar de ser por causa de minha veia roqueira  foi o iniciático Espelho Cristalino de 1977. Incluí aqui este texto, muito bem escrito por sinal, que estava em um blog sobre rock  e achei perfeito para elucidar esta química que rolou:

Neste álbum, o "mago" Alceu, incorpora em seu cadinho, além de uma significativa porção de folclore nordestino brasileiro, uma generosa porção de rock, promovendo assim, um inusitado e original "fusion" entre o folclore nordestino e o Rock. Trata-se de um complexo e profundo arranjo musical, capaz de realizar a magistral alquimia da "transmutação" de estilos musicais absolutamente distintos,  resultando na completa impossibilidade de se determinar onde termina um e onde começa o outro. Com letras poéticas repletas de conteúdo político e crítico, um vocal "arretado" e por vezes até feroz, um conjunto de músicos excepcionais e de altíssima qualificação técnica, esse álbum se revela único e imperdível. Infelizmente este álbum, não chegou a agradar ao público habitual de Alceu. Acredito que o "alto teor" de rock envolvido na composição desse álbum, tenha de certa forma, afastado o seu público e este, por não conseguir entender a proposta musical, também não se interessou em adquiri-lo. É uma lástima, pois na minha opinião este álbum é um dos melhores trabalhos do "mago" Alceu, senão, o melhor.

Concordo em gênero, numero e grau. Tenho mais dois que completam esta  minha trilogia mágica que apesar de terem sido lançados antes vim a conhecer posteriormente que são o duo com Geraldo Azevedo - Quadrafonico e o maravilhoso Vivo .


Quadrafonico de 1972

Vivo de 1976

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