Em Buda encontro o meu caminho |
É claro que
o que foi experienciado não pode ser resgatado para ser experienciado novamente
pois o vértice gira, já não sou mais a mesma pessoa, estou mais velha, mais
desiludida mas não de uma maneira negativa
e sim realista. Acho que todos com a idade tendemos a nos tornar mais
céticos pois começamos a perceber a repetição constante de padrões nossos, da
comunidade, do mundo, a velha história do : “Ah! Deixa pra lá, já vi isso
antes".
Com todo
este processo de informações através das mídias digitais tudo já se falou, tudo
já se discutiu, todas as posições já foram colocadas, curtidas, rechaçadas e
cada vez mais somos menos nós mesmos e mais o que todas estas opiniões
representam.
Valorizo
muito ouvir pessoas realistas, claras e não tendenciosas, parece que isso atua
como uma faxina em nossa mente tão bombardeada de baboseiras e absurdos tão
comuns hoje em dia. Uma das coisas que
ouvi e que reflete meu estado atual de espirito é que se criou uma necessidade
, uma obrigatoriedade nas pessoas em aparentar felicidade, mas aquela
felicidade visual de foto de celular , perdemos até o direito de termos
momentos de melancolia, de tristezas sem razões óbvias, do contrário não somos suportados,
somos baixo astral quando na verdade estamos apenas exercendo o direito de ser
apenas, de experienciar um momento após o outro conforme o fluxo natural da
vida.
Noto com
espanto o quanto as pessoas estão direcionadas para elas mesmas, as vezes me
pego falando besteiras, absurdos em meio a conversas só para testar e é
impressionante como as pessoas não ouvem o que se fala. Não prestamos atenção
no outro realmente, só superficialmente, o que ela veste, como ela anda, o que
ela tem ou não tem : “Nossa! Levanta esse astral, tem que ser feliz, o Buda
disse que todos temos que ter felicidade!!!” Ops, não vamos confundir, pelo
contrário , o Buda disse que existe sofrimento, que existe uma razão para ele,
e que podemos através de um treinamento olhar para ele e não nos identificarmos
.
Tudo é permeado pelo sofrimento, não temos como escapar.
Tudo é permeado pelo sofrimento, não temos como escapar.
Imaginem
que tudo nessa vida, tudo sem exceção um dia vai te causar sofrimento, é
perturbador mas é real , todo o sofrimento está embasado no desejo , pense
na mais deliciosa torta de chocolate,
coma ela inteira o que vai acontecer? Dor de barriga, enjoo , sofrimento. O
lugar mais lindo do mundo, sempre vai haver outro porque chegará o dia em que
aquela paisagem para você será comum, e se a sua vida não estiver 100% perfeita
com certeza o paraíso vai se transformar no inferno fácil fácil, gosto, não
gosto, tô nem ai, tudo se julga, tudo tem um valor baseado naquilo que você quer perceber que você
deseja somado aos padrões que você carrega.
Os mestres
sempre falam sobre a estória do filminho que vivemos, sobre como criamos estas
estórias e somos o personagem principal, porque
cada imagem no celuloide que se sobrepõe cria uma realidade falsa, são
apenas impressões que na sequencia criam
um movimento e pensamos que a história está se passando realmente quando na verdade
são só imagens que criam a ilusão de uma
história com começo meio e fim. O que existe na lógica da minha percepção é uma
sequencia que eu crio de como percebo o mundo segundo meus desejos,
expectativas e julgamentos.
Então acho
que meu aprendizado é a cada dia, a cada momento, quando descubro que posso
interagir com minhas emoções, nesse aspecto o livre arbítrio se resume em como
lido com elas. Todas as emoções fazem parte de mim e sempre vão existir , não
posso deixar de ser infeliz, de ser feliz, de amar ou odiar. Vivo entre os
extremos de cada uma tentando dosa-las
com sabedoria, aprendendo a lidar com cada uma delas. Do mesmo modo que nunca
estarei sempre feliz nunca estarei sempre triste, vou dosando, mesclando
interagindo sem tentar exclui-las , aprendendo o quanto tudo isso é importante
como quando criamos um belo quadro que mesmo que seja triste possui a beleza de
ser verdadeiro de ter a emoção exata para que crie empatia e entendimentos
profundos.
Meu
aprendizado é intimo, apreendido a cada dia quando me levanto e decido olhar
para mim mesma procurando o melhor que posso oferecer naquele dia, como ajudar,
como ser útil como ser melhor o resto é apenas ilusão de ótica e de sentido
quando dentro do fluxo nos perdemos em nossos julgamentos.
Meu
aprendizado é constante como são as ondas do mar, fluxo e refluxo, inspirar,
expirar, ser, não ser e poder me sentir livre das amarras do apego ao que acho
que seria o melhor o mais legal e simplesmente deixar acontecer pois cada
momento é único e com cada um deles construímos nossa história nessa existência
sabendo da responsabilidade de que criamos quando queremos e de que só existimos
realmente quando deixamos ser e abraçamos a eternidade sem medo de não ser nada
buscando ser o todo.
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