quinta-feira, 12 de maio de 2016

Em Buda encontro meu caminho

Em Buda encontro o meu caminho
Como é maravilhoso o caminho Budista. Depois de tantas experiencias, tantas descobertas durante este processo de interiorização de quase 8 anos, é como se houvesse um estado mais estável com uma abordagem mais realista, mais verdadeira. Pode ser que neste caso somente agora as coisas tenham realmente se integrado, antes havia um sobe e desce de emoções e sensações sem controle como quando uma criança começa a descobrir o mundo.

É claro que o que foi experienciado não pode ser resgatado para ser experienciado novamente pois o vértice gira, já não sou mais a mesma pessoa, estou mais velha, mais desiludida mas não de uma maneira negativa  e sim realista. Acho que todos com a idade tendemos a nos tornar mais céticos pois começamos a perceber a repetição constante de padrões nossos, da comunidade, do mundo, a velha história do : “Ah! Deixa pra lá, já vi isso antes".

Com todo este processo de informações através das mídias digitais tudo já se falou, tudo já se discutiu, todas as posições já foram colocadas, curtidas, rechaçadas e cada vez mais somos menos nós mesmos e mais o que todas estas opiniões representam.

Valorizo muito ouvir pessoas realistas, claras e não tendenciosas, parece que isso atua como uma faxina em nossa mente tão bombardeada de baboseiras e absurdos tão comuns hoje em dia. Uma das  coisas que ouvi e que reflete meu estado atual de espirito é que se criou uma necessidade , uma obrigatoriedade nas pessoas em aparentar felicidade, mas aquela felicidade visual de foto de celular , perdemos até o direito de termos momentos de melancolia, de tristezas sem razões óbvias, do contrário não somos suportados, somos baixo astral quando na verdade estamos apenas exercendo o direito de ser apenas, de experienciar um momento após o outro conforme o fluxo natural da vida.

Noto com espanto o quanto as pessoas estão direcionadas para elas mesmas, as vezes me pego falando besteiras, absurdos em meio a conversas só para testar e é impressionante como as pessoas não ouvem o que se fala. Não prestamos atenção no outro realmente, só superficialmente, o que ela veste, como ela anda, o que ela tem ou não tem : “Nossa! Levanta esse astral, tem que ser feliz, o Buda disse que todos temos que ter felicidade!!!” Ops, não vamos confundir, pelo contrário , o Buda disse que existe sofrimento, que existe uma razão para ele, e que podemos através de um treinamento olhar para ele e não nos identificarmos . 

Tudo é permeado pelo sofrimento, não temos como escapar.

Imaginem que tudo nessa vida, tudo sem exceção um dia vai te causar sofrimento, é perturbador mas é real , todo o sofrimento está embasado no desejo , pense na  mais deliciosa torta de chocolate, coma ela inteira o que vai acontecer? Dor de barriga, enjoo , sofrimento. O lugar mais lindo do mundo, sempre vai haver outro porque chegará o dia em que aquela paisagem para você será comum, e se a sua vida não estiver 100% perfeita com certeza o paraíso vai se transformar no inferno fácil fácil, gosto, não gosto, tô nem ai, tudo se julga, tudo tem um valor baseado  naquilo que você quer perceber que você deseja somado aos padrões que você carrega.

Os mestres sempre falam sobre a estória do filminho que vivemos, sobre como criamos estas estórias e somos o personagem principal, porque  cada imagem no celuloide que se sobrepõe cria uma realidade falsa, são apenas impressões  que na sequencia criam um movimento e pensamos que a história está se passando realmente quando na verdade são só imagens  que criam a ilusão de uma história com começo meio e fim. O que existe na lógica da minha percepção é uma sequencia que eu crio de como percebo o mundo segundo meus desejos, expectativas  e julgamentos.

Então acho que meu aprendizado é a cada dia, a cada momento, quando descubro que posso interagir com minhas emoções, nesse aspecto o livre arbítrio se resume em como lido com elas. Todas as emoções fazem parte de mim e sempre vão existir , não posso deixar de ser infeliz, de ser feliz, de amar ou odiar. Vivo entre os extremos de cada uma  tentando dosa-las com sabedoria, aprendendo a lidar com cada uma delas. Do mesmo modo que nunca estarei sempre feliz nunca estarei sempre triste, vou dosando, mesclando interagindo sem tentar exclui-las , aprendendo o quanto tudo isso é importante como quando criamos um belo quadro que mesmo que seja triste possui a beleza de ser verdadeiro de ter a emoção exata para que crie empatia e entendimentos profundos.

Meu aprendizado é intimo, apreendido a cada dia quando me levanto e decido olhar para mim mesma procurando o melhor que posso oferecer naquele dia, como ajudar, como ser útil como ser melhor o resto é apenas ilusão de ótica e de sentido quando dentro do fluxo nos perdemos em nossos julgamentos.

Meu aprendizado é constante como são as ondas do mar, fluxo e refluxo, inspirar, expirar, ser, não ser e poder me sentir livre das amarras do apego ao que acho que seria o melhor o mais legal e simplesmente deixar acontecer pois cada momento é único e com cada um deles construímos nossa história nessa existência sabendo da responsabilidade de que criamos quando queremos e de que só existimos realmente quando deixamos ser e abraçamos a eternidade sem medo de não ser nada buscando ser o todo.

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