quarta-feira, 16 de maio de 2018

Teologia e Nietsche



Iluminismo confronto com a fé


No iluminismo tem inicio uma crítica ao fenômeno religioso, porém, como critica na forma como o conhecimento de deus era transmitido, mas de forma transcendente baseada na fé e não racional. Filósofos como Voltaire diziam que as religiões positivas são acúmulos de superstições o que acaba tornando o homem fanático. Ao mesmo tempo Pascal evolui na contramão das teses iluministas, segundo ele é preciso deixar intactas as verdades reveladas e fazer progredir as verdades humanas, o coração e não a razão é que sente Deus.

Com o advento do empirismo o eixo da reflexão filosófica é deslocado do ser para o conhecimento. Hume defende a irracionalidade da religião, assume uma atitude cética de contestação de todas as provas da existência de Deus.

Na idade moderna Fuerbach, Marx, Nietzsche e Freud vão negar Deus para buscar a libertação humana. Para Fuerbach a teologia será considerada a autentica antropologia, o eixo da reflexão filosófica se desloca de Deus para o se humano.


Nietzsche e a morte de Deus


Para Nietzsche a expressão ¨Deus está morto¨ é a critica a uma postura rígida sobre a verdade que aliena o ser humano, ele tenta desconstruir certas imagens divinas, como, por exemplo, a do bom e todo poderoso, manipuladas por aqueles que supostamente falam em seu nome.

Segundo De Lubac, Nietzsche via no cristianismo o contrário do esplendor da cultura grega para a qual a terra, os desejos e as paixões ditavam o ritmo da vida. Ele percebe no cristianismo sintomas de fraqueza e de impotência. Os conceitos morais cristãos teriam sido construídos linguisticamente pelo ser humano escravo, por isso, a sua critica a moral cristã é igualmente uma crítica antropológica.

O verdadeiro cristianismo teria morrido na cruz com o seu fundador. A critica de Nietzsche não recai sobre a pessoa de Jesus, não é ele que deve ser desconstruído pelo ¨martelo¨de seu pensar filosófico, mas sim o desenvolvimento histórico e conceitual do cristianismo.

A critica de Nietzsche é à pretensão do intelecto humano querer penetrar as verdades últimas que dizem respeito ao ser humano e a realidade, esquecendo-se de que o sagrado é aquilo que escapa a toda tentativa de redução racional através da linguagem.

A morte de Deus significa necessariamente a morte da Teologia, ou de uma certa maneira de fazer teologia?


A sociedade pós-moderna não é antirreligiosa. O retorno do sagrado configurado em diversas formas religiosas demonstra o caráter religioso da sociedade. Trata-se, no entanto, de uma religiosidade na qual uma religião não pode exigir o título de verdadeira ou colocar-se como único caminho de salvação. O pensamento pós-moderno desafia a teologia a pensar em Deus como um conceito inacabado.

O pensamento pós-moderno não rejeita Deus ou a religião enquanto objeto de estudo, como assunto da ciência, mas para a chamada ciência moderna Deus e a religião não são mais assuntos teológicos e sim antropológicos.

O anuncio da morte de Deus não significa necessariamente o fim da teologia, talvez de certa forma de teologia cuja crise foi anunciada pela crise do próprio pensamento ocidental fundamentado na metafísica essencialista.

Teologia hoje


O teólogo hoje, a meu ver, está assumindo com humildade e desprendimento o fato de que não é dono absoluto da verdade, querer falar do absoluto de forma absoluta é uma contradição. Cada vez mais a teologia busca abertura no relacionamento com as outras religiões. Ela procura estar mais próxima do crente cultivando sua fé no que é real, no que o leva a sua crença e ao seu amor a Deus de forma direta como um amigo fala a outro amigo e não mais na linguagem do pai todo poderoso ao seu filho.


Conclusão

Um longo caminho foi percorrido pelo cristianismo. Construído sobre as bases sólidas dos ensinamentos de um homem excepcional, Jesus Cristo. Foi disseminado e traduzido posteriormente através de verdades absolutas como revelações de fé. Teve seu apogeu na idade média onde controlava pessoas e reinos e foi em seu nome que se cometeram grandes atrocidades o que acarretou um período de grandes criticas no Iluminismo que desencadearam a perda de sua hegemonia e credibilidade.
            
Com a modernidade a afirmação de que a fé escravizava o homem e o mantinha preso às convenções e a uma ética dos poderosos para manter o poder deus é morto por Nietzsche, mas não o deus original e sim o engendrado, formatado nos dogmas da Igreja um deus intolerante em nome do qual se cometeram e se cometem as maiores atrocidades do homem contra ele mesmo e a natureza.

Neste momento mais do que nunca acredito que a humanidade tem seu coração aberto para esse reencontro. Todos os mistérios permanecem pelo menos aqueles que ainda estão sem solução. De qualquer maneira continuaremos em busca desse ser superior, pois nosso objetivo afinal é conseguirmos atingir a plenitude, o ser mais perfeito que possamos ser e é o máximo que podemos almejar.

Referências

ABASTOS, Jairo da Mota. Filosofia da Religião. Batatais, SP : Claretiano, 2013. 183p.
HORTAL, S.J. As tarefas atuais da teologia. Disponível em:
Acesso em 15mai2018
SALLES, Valter Pereira, Deus está morto? Nietzsche e o fim da teologia. Faculdade de teologia . PUC Campinas. Disponível em:
ecsso em 14mai2018.



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