domingo, 19 de abril de 2020

Felicidade



O objetivo da vida é a felicidade. Se somos espiritualizados ou não, o próprio movimento da vida é a sua busca.

A medida que começamos a identificar os fatores que levam a uma vida mais feliz, aprendemos como essa busca oferece benefícios não só para nós, mas para nossa família e para a sociedade como um todo.

O que determina a felicidade?


A felicidade é determinada mais pelo estado mental do que por acontecimentos externos, o fato de nos sentirmos felizes ou infelizes tem muito pouco a ver com nossas condições absolutas, mas sim em função de como percebemos nossa situação, da satisfação que sentimos com o que temos.

Se prestarmos atenção, nossa sensação de contentamento sofre forte influência da nossa tendência a compaixão, no quanto é bom ser bom.

Porém, na maioria das vezes nos comparamos com os outros. Por maior que seja nossa renda, nossa tendência é sentir insatisfação se o outro estiver ganhando mais.

Atletas profissionais queixam-se amargamente de salários de milhões de dólares quando se comparam com colegas que ganham mais. Este é só um exemplo de como podemos facilmente cair nas armadilhas do desejo.

Costumeiramente, condicionamos a nossa felicidade à outras pessoas: quem é mais inteligente, mais bonito ou mais bem sucedido.


Como mudar nossos padrões 


Podemos usar esse mesmo princípio de modo positivo aumentando nossa sensação de satisfação com a vida, nos comparando com os que são menos afortunados, isso nos faz pensar em rudo de bom que temos.

Se utilizarmos nossas circunstâncias favoráveis como nossa saúde, nossa inteligência e boa condição financeira de modo positivo na ajuda aos outros, elas poderão contribuir para que tenhamos uma vida mais feliz.

Existem sociedades bastante evoluídas em termos materiais, no entanto muitas pessoas não são felizes, o que é a prova de que a riqueza em si não proporciona alegria ou realização.

O estado da mente e sua influência


O estado da mente tem grande influência na nossa experiência do dia a dia. Porém um estado de espírito tranquilo ou calmo não significa ser completamente desligado ou ter a mente totalmente vazia.

A paz de espírito ou a serenidade tem como origem o afeto e a compaixão. Quando dispomos dessa qualidade interior, uma serenidade mental e uma certa estabilidade interna, mesmo que faltem vários recursos externos, ainda é possível levar uma vida feliz e prazerosa.

Carmem de Cassia

Fonte : A Arte da Felicidade 
Sua santidade, O Dalai-Lama

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quarta-feira, 1 de abril de 2020

Coronavirus é bom pra quem?



Em época de coronavírus  pessoas ganham e pessoas perdem, disso todos temos certeza.

O Coronavírus  ficará na mente de todos nós como o momento em que o planeta decidiu nos parar a força e conseguiu.

O que rola de bom com o coronavírus



Impressionante o poder de regeneração da natureza, a cada dia me surpreendo com as notícias e fotos de satélite que mostram o que faz uma quarentena nos  céus das grandes cidades livres da poluição.

Além disso, a visibilidade  dos moradores de rua que recebem abrigo, banho, comida.

De outro lado,  o isolamento que une famílias reatando laços entre pais e filhos. e  vizinhos  descobrindo que além das varandas e janelas vivem pessoas e que não precisamos ficar sós.

O que rola de mal com o coronavírus



Infelizmente aqueles poucos que continuarão ganhando muito as custas da falência de pequenos , aumentando ainda mais o abismo das diferenças.

Também as fake news que se transformam em uma pandemia pior que a do coronavírus, mostrando a cara dos oportunistas de plantão. Pessoas irresponsáveis com suas receitas milagrosas sem base científica e notícias alarmantes baseadas em teorias da conspiração.

Estes são apenas exemplos mais claros com os quais convivemos diariamente. Tem muita boa intenção mas tem muita gente que adora provocar pânico ou na necessidade de se comunicar de qualquer maneira vão replicando absurdos sem ter o menor senso de verificar as fontes. Uma preguiça perigosa.

Nossa liçãomaior é termos a consciência de que não possuímos poder algum.  Precisamos aceitar a culpa pelo que geramos com a nossa ganância, nos servindo dos recursos naturais como se eles nunca fossem acabar e utilizando os animais como se fossem mercadoria sem sentimentos.

O mercado de animais vivos da china deve ter chocado muitas pessoas, mas será que acendeu alguma luzinha no final do túnel e poderemos ter mais respeito pela natureza e por todos os seres que fazem parte desse organismo vivo?

E agora José?

O que vai restar depois do caos? Quem sobreviver será um pouco melhor? Descobriremos afinal uma maneira de habitar esse planeta nos sentindo parte de tudo isso?

Espero que entendamos que podemos sim viver sem guerras, podemos ajudar um ao outro, podemos repartir mais, amar mais e encontrar uma razão para continuarmos aqui, ou vamos conviver com muitas pandemias no futuro que por fim aniquilarão nossa presença neste planeta.

Muitos dizem que é o virus combatendo um virus, eu prefiro pensar que é um aviso, uma última chance de mudar, e descobrir que podemos ser parte. Não somos deuses, somos grãozinhos de poeira cósmica de uma galáxia em meio a milhões de galaxias pertencentes a milhões de universos.

Mas ao invés de pensar que não sou nada, prefiro achar que faço parte de tudo, esse engajamento me permitirá sentir com mais intensidade todo esse imenso poder pois ele já habita em nós, é só "cair pra dentro",  literalmente ,  e vamos ter um bom tempo para fazer isso.


segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O Fantasma da Imigração

Estamos preparados para lidar com a ambiguidade dessa situação?

O cerne para os confrontos é o choque de culturas tão díspares.

Ao mesmo tempo em que precisamos exercitar nossa compaixão e acolhimento, também teremos que lidar com a tolerância e o preconceito que todos temos em menor ou maior grau.

Não é fácil ver barcos lotados de adultos e crianças a mercê de um mar traiçoeiro, ou marchas de milhares de pessoas sem esperança em busca de acolhimento.

Por outro lado, as populações se sentem invadidas por pessoas de culturas completamente diversas.

No caso dos países em desenvolvimento, a situação piora, pois os governos desses países mal dão condições de sobrevivência para os próprios habitantes.

A Síndrome do Big Brother


Muitos serão solidários a principio, no inicio sempre há boa vontade de ambos os lados, mas com o tempo a síndrome do Big Brother aflora em todos os seres humanos.

Aos poucos,  estes níveis de aceitação irão diminuir, até lá teremos pouco tempo para desenvolver um entendimento afetivo para que todos possam achar uma solução.

Do lado positivo, acredito que este é o nosso grande desafio em tempos de globalização, enfrentar de fato, cara-a-cara, o outro.

Somente vivenciando a situação poderemos perceber até onde vai nossa tolerância.

Ao caírem às máscaras o que sobra é o caráter, só assim se separa o joio do trigo.



sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O que é Filosofia afinal?




Descrever o que é Filosofia é uma tarefa árdua


Da mesma maneira que é difícil responder as próprias questões da filosofia. Partindo da premissa de que todos nasceram com a capacidade de pensar e logicamente de filosofar, é importante salientar que somos seres formatados desde a infância pelo mundo que nos rodeia, estes condicionamentos podem ser limitantes precisamos transcendê-los. Haverá casos em que esse senso crítico e argumentador se desenvolverá ou não, como diz Desidério Murcho, apesar da filosofia não ter um caráter empírico - por ser um estudo conceitual o que a distingue das ciências - ela também se utiliza de metodologias. 

Olhar o mundo todo e não somente a parte


Podemos nos utilizar de métodos, das informações das ciências positivas, mas para chegarmos próximos a verdade é preciso um desprendimento, um alargamento de ideias, olhar o todo e não somente a parte. Pensamentos mecanicistas não nos levarão a lugar algum, no meu ver generalizar não faz parte do vocabulário da Filosofia, tudo é possível de se revelar e para isso é preciso persistir no pensar.

Precisamos de liberdade de pensamento


O ato de filosofar é um ato de liberdade de pensamento. Essa é nossa maior responsabilidade, manter a mente aberta e receptora. Isso não quer dizer que iremos deixar de lado todo o conhecimento prévio acumulado por tantas mentes brilhantes, estas serão nossas ferramentas para avançar, para desenvolver o conhecimento além do ponto até onde chegou. Se contentar com o conhecido não nos levará a lugar algum. O espanto, o gatilho que nos alerta para um novo possível conhecimento é o ponto inicial para a descoberta. O susto move o conhecimento, pois quando nos espantamos somos alertados de que existe algo ali que não soubemos reconhecer, é um aviso de nossa mente inquieta de que precisamos investigar algo.

E então, como podemos definir a Filosofia


Podemos chegar à conclusão de que definir a filosofia é o mesmo que ir contra um dos seus princípios, ou seja, o que é a verdade de alguma coisa. A Filosofia me parece mais um caminho para se chegar à verdade, porém sem a intenção de nominá-la ou delimitá-la. Filosofar é o espanto que nos leva a dúvida, criado o problema vem à vontade de elucida-lo. Dessa maneira utilizando as ferramentas de que dispomos e acessando a nossa liberdade de pensamento, transcendemos e então será possível que avancemos um passo a mais dentro do conhecimento humano e de nós mesmos.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Conselho para meditadores

Mestre Guendune Rinpoche


Deixe sua mente em um estado
Que seja solto e à vontade
Neste estado, observe
O movimento dos pensamentos,
Detenha-se neles e esteja relaxado.
Assim a estabilidade ocorrerá

Livre do apego ao silêncio
E sem medo de movimento
Esteja consciente de que não há diferença
Entre silêncio e movimento.
Mente nasce da mente.

Permaneça neste estado assim como ele é
Relaxado, sem nada agarrar nem se apegar
Aqui - na realidade, como ela é -
A essência de sua própria mente, a sabedoria,
Se manifestará como uma abertura brilhante.

Você ficará mudo de surpresa
E um silêncio natural surgirá
Porém, não agarre este silêncio como se fosse algo
Permaneça natural, relaxado e livre.
Sem reter nem rejeitar as imagens mentais,
Permaneça simplesmente - Assim.


quinta-feira, 31 de maio de 2018

Cultura e Aprendizado




A cultura foi construída no decorrer da história a cada aprendizado adquirido e passado a frente pelas gerações. Sinto a cultura como algo sempre vivo e dinâmico. O homem é constituído pela cultura e a constitui, é uma relação simbiótica de valores, códigos, de comportamento e técnicas que mediam as relações dos homens e destes com a natureza.

Como se desenvolverá a cultura no futuro?


Com a massificação das sociedades, as particularidades de conhecimento do mundo a nossa volta estão desaparecendo. Com uma cultura prioritariamente baseada no consumo, na beleza e no status social, estão sendo perdidas as bases da construção do conhecimento. Só aprendemos com a adversidade, com a resistência, a dedicação é fundamental para que este processo também seja prazeroso, mas na sociedade do faz de conta tudo é instantâneo, como disse Balman é uma sociedade de valores líquidos, voláteis.

E o ensino como fica?


O ensino passa por um momento de quebra de paradigmas. A escola para todos foi instituída sem que o aparato educacional estivesse preparado para assumi-la. Em uma sala de aula de estudo fundamental , um professor terá que administrar as diferenças cognitivas dos alunos lidando com grandes disparidades de competência de aprendizado. A escola hoje absorve diversas demandas além do seu foco principal que é a educação. 

Então, como fica a cultura?


Como podemos ver, a cultura enquanto formadora do ser, da sociedade, passa por um momento delicado. Está carente de ser modificada e adaptada aos novos tempos, porque me parece que a contrapartida, ou seja, a pessoa humana está a procura de uma individualidade falsa, apoiada em subjetividade e não no conhecimento concreto adquirido através das relações familiares, do trabalho, da arte e da religiosidade. Hoje o homem tem mais liberdade do que nunca, mas é prisioneiro do previsível, das coisas fáceis , e de um mundo vazio de valores.


quarta-feira, 16 de maio de 2018

Teologia e Nietsche



Iluminismo confronto com a fé


No iluminismo tem inicio uma crítica ao fenômeno religioso, porém, como critica na forma como o conhecimento de deus era transmitido, mas de forma transcendente baseada na fé e não racional. Filósofos como Voltaire diziam que as religiões positivas são acúmulos de superstições o que acaba tornando o homem fanático. Ao mesmo tempo Pascal evolui na contramão das teses iluministas, segundo ele é preciso deixar intactas as verdades reveladas e fazer progredir as verdades humanas, o coração e não a razão é que sente Deus.

Com o advento do empirismo o eixo da reflexão filosófica é deslocado do ser para o conhecimento. Hume defende a irracionalidade da religião, assume uma atitude cética de contestação de todas as provas da existência de Deus.

Na idade moderna Fuerbach, Marx, Nietzsche e Freud vão negar Deus para buscar a libertação humana. Para Fuerbach a teologia será considerada a autentica antropologia, o eixo da reflexão filosófica se desloca de Deus para o se humano.


Nietzsche e a morte de Deus


Para Nietzsche a expressão ¨Deus está morto¨ é a critica a uma postura rígida sobre a verdade que aliena o ser humano, ele tenta desconstruir certas imagens divinas, como, por exemplo, a do bom e todo poderoso, manipuladas por aqueles que supostamente falam em seu nome.

Segundo De Lubac, Nietzsche via no cristianismo o contrário do esplendor da cultura grega para a qual a terra, os desejos e as paixões ditavam o ritmo da vida. Ele percebe no cristianismo sintomas de fraqueza e de impotência. Os conceitos morais cristãos teriam sido construídos linguisticamente pelo ser humano escravo, por isso, a sua critica a moral cristã é igualmente uma crítica antropológica.

O verdadeiro cristianismo teria morrido na cruz com o seu fundador. A critica de Nietzsche não recai sobre a pessoa de Jesus, não é ele que deve ser desconstruído pelo ¨martelo¨de seu pensar filosófico, mas sim o desenvolvimento histórico e conceitual do cristianismo.

A critica de Nietzsche é à pretensão do intelecto humano querer penetrar as verdades últimas que dizem respeito ao ser humano e a realidade, esquecendo-se de que o sagrado é aquilo que escapa a toda tentativa de redução racional através da linguagem.

A morte de Deus significa necessariamente a morte da Teologia, ou de uma certa maneira de fazer teologia?


A sociedade pós-moderna não é antirreligiosa. O retorno do sagrado configurado em diversas formas religiosas demonstra o caráter religioso da sociedade. Trata-se, no entanto, de uma religiosidade na qual uma religião não pode exigir o título de verdadeira ou colocar-se como único caminho de salvação. O pensamento pós-moderno desafia a teologia a pensar em Deus como um conceito inacabado.

O pensamento pós-moderno não rejeita Deus ou a religião enquanto objeto de estudo, como assunto da ciência, mas para a chamada ciência moderna Deus e a religião não são mais assuntos teológicos e sim antropológicos.

O anuncio da morte de Deus não significa necessariamente o fim da teologia, talvez de certa forma de teologia cuja crise foi anunciada pela crise do próprio pensamento ocidental fundamentado na metafísica essencialista.

Teologia hoje


O teólogo hoje, a meu ver, está assumindo com humildade e desprendimento o fato de que não é dono absoluto da verdade, querer falar do absoluto de forma absoluta é uma contradição. Cada vez mais a teologia busca abertura no relacionamento com as outras religiões. Ela procura estar mais próxima do crente cultivando sua fé no que é real, no que o leva a sua crença e ao seu amor a Deus de forma direta como um amigo fala a outro amigo e não mais na linguagem do pai todo poderoso ao seu filho.


Conclusão

Um longo caminho foi percorrido pelo cristianismo. Construído sobre as bases sólidas dos ensinamentos de um homem excepcional, Jesus Cristo. Foi disseminado e traduzido posteriormente através de verdades absolutas como revelações de fé. Teve seu apogeu na idade média onde controlava pessoas e reinos e foi em seu nome que se cometeram grandes atrocidades o que acarretou um período de grandes criticas no Iluminismo que desencadearam a perda de sua hegemonia e credibilidade.
            
Com a modernidade a afirmação de que a fé escravizava o homem e o mantinha preso às convenções e a uma ética dos poderosos para manter o poder deus é morto por Nietzsche, mas não o deus original e sim o engendrado, formatado nos dogmas da Igreja um deus intolerante em nome do qual se cometeram e se cometem as maiores atrocidades do homem contra ele mesmo e a natureza.

Neste momento mais do que nunca acredito que a humanidade tem seu coração aberto para esse reencontro. Todos os mistérios permanecem pelo menos aqueles que ainda estão sem solução. De qualquer maneira continuaremos em busca desse ser superior, pois nosso objetivo afinal é conseguirmos atingir a plenitude, o ser mais perfeito que possamos ser e é o máximo que podemos almejar.

Referências

ABASTOS, Jairo da Mota. Filosofia da Religião. Batatais, SP : Claretiano, 2013. 183p.
HORTAL, S.J. As tarefas atuais da teologia. Disponível em:
Acesso em 15mai2018
SALLES, Valter Pereira, Deus está morto? Nietzsche e o fim da teologia. Faculdade de teologia . PUC Campinas. Disponível em:
ecsso em 14mai2018.



Felicidade

O objetivo da vida é a felicidade. Se somos espiritualizados ou não, o próprio movimento da vida é a sua busca. A medida que começ...